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IMPLANTAÇÃO DE TELEFÉRICOS PARA CONTÊINERES NA SERRA DO MAR – UM PROJETO POSSÍVEL

IMPLANTAÇÃO DE TELEFÉRICOS PARA CONTÊINERES NA SERRA DO MAR – UM PROJETO POSSÍVEL.

CABLE CARS FOR CONTAINER DEPLOYMENT ON SERRA DO MAR – A POSSIBLE PROJECT.

 

MILTON CARVALHO LOPEZ

 MBA em Operações Logísticas

Unimes-Santos

 UNIBR – São Vicente

milton.lopez@unibr.edu.br

 

RESUMO

Este artigo trata do estudo de uma solução aos problemas ambientais, gerados pelo transporte de contêineres na Serra do Mar. Versa também sobre  possíveis soluções, visto que, atualmente, é feito por meio de caminhões os quais utilizam o modal rodoviário. Sugerimos a utilização do modal aéreo por meio de teleférico de contêineres a ser instalado na Serra do Mar, ligando o porto à região de Paranapiacaba. Foi estudada a importância da preocupação com o meio ambiente e as transposições viárias, realizadas na Serra do Mar e os problemas em virtude das características da região. Por último, dissertou-se sobre os impactos ambientais do transporte rodoviário e aéreo via teleférico, concluindo que, do ponto de vista ambiental, o transporte de cargas através de contêineres na Serra do Mar com a utilização teleférica é mais vantajoso, pois causa menos impactos negativos e mais positivos em comparação com o rodoviário.

 
PALAVRAS-CHAVE: Transporte. Contêiner. Teleférico. Meio Ambiente. Serra do Mar.

 

 

ABSTRACT

This article deals with the study of a solution to environmental problems generated by the transport of containers in Serra do Mar. About is also possible solutions considering that nowadays it is done by trucks which use the road transportation. We suggest the use of air transportation by containers cablecars to be installed in the Serra do Mar and linking the port to Paranapiacaba region. The importance concerning the environment and road transpositions, held in the Serra do Mar and the problems due to the characteristics of the region were studied. Finally, one discoursed on the environmental impacts of road and air transport via cableway, concluding that, from an environmental point of view, the cargo transportation by containers in Serra do Mar with cablecar use is more advantageous because it causes less negative impact and more positive compared with the road.

 
KEYWORDS: Transport. Container. Cable car. Environment, Serra do Mar.

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

A estrutura logística do porto de Santos estará saturada em curto prazo devido aos constantes congestionamentos e ao crescimento projetado para o porto de Santos; tal sobrepeso afetará o fluxo rodoviário nas vias de acesso para a Baixada Santista.

Do ponto de vista ambiental, a sobrecarga no Sistema Anchieta/Imigrantes causa impactos ambientais negativos, degradando uma área já afetada por transposições viárias anteriores.

A construção de outro sistema rodoviário pode ser onerosa e causar impactos ambientais negativos em uma região que, por suas características físicas e biológicas, possui uma grande diversidade de espécies e beleza excepcional.

Nesse sentido, este artigo traz a síntese de um projeto idealizado, com o objetivo de desafogar o tráfico na Serra do Mar, minimizando os impactos ambientais e considerando as características da região. Trata-se de um sistema de transporte aéreo de contêineres, denominado Otimização do Transporte de Contêineres na Serra do Mar, por meio de Teleféricos.

Seria um teleférico destinado exclusivamente para cargas, que ligaria o Porto a um pátio retroportuário, instalado na Vila de Paranapiacaba, região pertencente ao município de Santo André.

De acordo com Fogliatti (2004), os sistemas de transportes são essenciais à sociedade e influenciam no desenvolvimento econômico das nações, porém trazem impactos ambientais negativos.

 

Segundo Ilversteins (1993), a saúde dos ecossistemas e a riqueza das economias mundiais têm o movimento das marés cheias ou vazias, uma a seguir da outra.

Entender os princípios e as práticas desta relação entre economia e meio ambiente poderá determinar o sucesso de organizações e nações (Silversteins,1993).

No Brasil, mais especificamente na região sudeste, a Serra do Mar apresentou-se como uma barreira ao escoamento das riquezas para o litoral portuário. (Santos, 2004).

Este artigo apresenta também uma reflexão acerca dos impactos para o meio ambiente, oriundos do transporte rodoviário por meio da Serra do Mar, comparados ao transporte por teleféricos.

A fundamentação teórica é constituída de levantamento e avaliação de bibliografia em relação à gestão e aos impactos ambientais

Depois da década de 90, a responsabilidade ambiental ganhou notoriedade, devido à divulgação dos resultados da Primeira e Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre o gerenciamento ambiental ocorridas em 1984 e 1991. Em 1992, delegações de diversos países vieram ao Rio de Janeiro discutir sobre sustentabilidade e instituíram objetivos concretos para o desenvolvimento de um planeta sustentável. Como consequência desse encontro, surgiu a Agenda 21 (Dias, 2006).

As organizações preocupadas com essa realidade perceberam que não bastava somente prestar um bom atendimento aos clientes, mas também investir em políticas educacionais e de preservação ao meio ambiente. Estes encontros mundiais, além de mudarem a consciência das organizações, tornaram a população mais atenta, exigente e preocupada com os problemas enfrentados. A fiscalização e as leis ambientais ficaram mais rígidas, forçando a mudança de postura das empresas (Dias, 2006).

 

A  preocupação com a gestão ambiental dentro das organizações deixou de ser apenas uma forma de evitar problemas legais e passou a ser um diferencial competitivo. A gestão ambiental agrega valor à empresa quando se trata de fusões e aquisições, retorno de ações e argumentos de negociação; em virtude disto, é crescente o aumento de investimento em gestão ambiental (Seifert, 2006).

Atualmente, há uma cobrança evidente por parte dos clientes com a organização e como consequência as empresas cobram os seus profissionais e fornecedores, além de fazerem altos investimentos no estabelecimento de uma política ambiental e na criação de um eficiente sistema de gestão ambiental. Para a empresa se inserir no mercado internacional é necessário obedecer a diversos critérios internacionais, tal como a ISO 14000, no qual a mesma é fiscalizada em todo o seu processo. O papel da empresa migrou da prestação de serviços para uma importante difusora de valores e práticas ambientalistas (Dias, 2006).

 

GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Segundo Barbieri (2007), meio ambiente é tudo que envolve ou cerca os seres vivos. Assim sendo, meio ambiente deve ser um local em que a vida existe ou pode existir, e é ainda condição para a existência da vida. O meio ambiente se divide em natural, que é o biológico natural, e o artificial que foi alterado, construído pelo homem, Há uma relação de interdependência entre o ambiente físico e os organismos que ali habitam. Desta maneira, qualquer mudança em uma das partes pode influenciar a outra (Barbieri, 2007).

O homem ao utilizar o meio ambiente para obter recursos para a produção de bens e serviços e ao despejar materiais não aproveitados pode causar problemas ambientais. Isso ocorre caso o ambiente não consiga se regenerar na mesma velocidade em que o homem se utiliza dele. Assim, os impactos ambientais são medidos de acordo com a capacidade do meio ambiente de se regenerar (Barbieri, 2007).

 

 

FONTE DE RECURSOS

Para produzir bens ou serviços que atendam às necessidades e aos desejos, o ser humano utiliza recursos naturais diversos. Todos os recursos naturais podem se renovar por meio de seus ciclos naturais, contudo são classificados tradicionalmente entre renováveis e não renováveis de acordo com a perspectiva humana (Barbieri, 2007).

Renováveis são os recursos obtidos indefinidamente de uma mesma fonte, e se dividem entre os que se alteram com o uso, e os que não se alteram. Um exemplo dos que se alteram com o uso é o trigo, que se renova a cada colheita, mas a qualidade varia de colheita a colheita, dependendo de diversos fatores com qualidade de solo, clima etc. Entre os que não se alteram, temos a energia solar, que é constante (Barbieri, 2007).

 

Não renováveis são os que possuem uma quantidade finita, e podem ser separados entre os que esgotam e os que podem ser reutilizados. O gás natural é um exemplo de produto não renovável que se esgota, pois independente do uso que se faça dele, seu recurso tem fim; os metais como ferro e o cobre, apesar de terem fim, podem ser reciclados ou reutilizados; contudo, nenhum material é totalmente reciclável, visto que sempre ocorrem perdas nos processos de reciclagem (Barbieri, 2007).

 

Há ainda uma terceira classificação que são os recursos os quais podem ser renováveis ou não renováveis, dependendo do uso. Neste grupo, o maior exemplo é a água, se utilizada para regar plantações, por exemplo, se renova; contudo a água potável é um recurso escasso e finito (Barbieri, 2007).

 

RECIPIENTE DE RESÍDUOS

Todos os seres vivos utilizam recursos do meio ambiente e devolvem as sobras que, ao se decomporem, se tornam elementos químicos, absorvidos por outros seres vivos. As sobras das atividades humanas não se comportam dessa maneira. Por isso, são denominadas poluição (Barbieri, 2007).

Impacto ambiental é qualquer alteração das características físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, atribuídas pelas atividades humanas, Pode ser dividido entre impacto ambiental negativo e positivo (Fogliatti, 2004).

 

O impacto ambiental é positivo quando seu resultado é benéfico para o meio ambiente. Já o negativo, causa prejuízo à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos e das demais espécies (Fogliatti, 2004).

As fontes poluidoras são divididas entre pontuais, que podem ser localizadas e controladas mais facilmente, como o lançamento de esgoto doméstico e industrial; ou dispersas, de difícil monitoração e controle, como os gases expelidos por escapamentos de veículos automotores (Braga, 2002).

A percepção dos problemas ambientais, gerados pela poluição, iniciou-se nas proximidades das unidades poluidoras, expandindo-se depois para regiões e países, até chegar a níveis globais (Barbieri, 2007).

 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento Sustentável, segundo relatório Nosso Futuro Comum, é atender às necessidades da geração presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atenderem as suas necessidades (Braga, 2002).

Este conceito nada mais é do que um ato de fé ou um desejo filosófico, pois pré dispõe uma previsão das necessidades das futuras gerações. Outro ponto interessante é que os parâmetros de desenvolvimento sustentável variam, pois alguns países estão mais desenvolvidos que outros (Braga, 2002).

 
GESTÃO AMBIENTAL

Gestão ambiental é considerada um conjunto de diretrizes e atividades administrativas e operacionais tais como planejar, controlar e alocar recursos para obter efeitos positivos sobre o meio ambiente e reduzir os impactos negativos causados pelas atividades humanas (Barbieri, 2007).

 

Uma mudança nos hábitos de consumo tem criado mercado para empresas com imagem ambientalmente adequada, tornando a gestão ambiental uma vantagem competitiva.

No Brasil, a evolução da gestão ambiental tem se caracterizado pela desarticulação das instituições envolvidas, escassez de recursos financeiros e humanos e falta de coordenação. O meio empresarial brasileiro apesar de ainda considerar os problemas ambientais secundários tem sido pressionado pelo governo que, a partir de 1980, tem publicado uma série de regulamentações, restringindo a poluição industrial (Seiffert, 2008).

 

ISO 14.000

As normas ISO (International Organization for Standardization) 14.000 figuram entre os resultados das discussões em torno dos problemas ambientais e de como promover o desenvolvimento econômico. Trata-se de uma família de normas que resulta em uma certificação de um Sistema de Gestão Ambiental que atualmente é um requisito essencial para as empresas as quais desejam escoar seus produtos no mercado globalizado (Seiffert, 2008).

Os parâmetros de desempenho ambiental dos processos de uma empresa são atribuíveis à legislação ambiental vigente. As ISO (International Organization for Standardization) 14.000 são normas que têm como objetivo padronizar os processos ambientais das empresas, estabelecendo uma base comum para a gestão ambiental mais uniforme, eficiente e eficaz no mundo inteiro (Seiffert, 2008).

 

As normas ISO 14.000 têm sido implantadas para evitar o surgimento de futuras barreiras não tarifárias ao comércio de produtos e serviços, assegurando assim uma fatia maior de mercado a competir para as empresas credenciadas por elas. (Seiffert, 2008).

Um dos requisitos para a implantação da ISO 14.000 é o cumprimento da legislação ambiental pertinente a atividade de cada empresa (Seiffert, 2008).

 

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Para que um projeto de construção, instalação, ampliação e/ou funcionamento de atividades utilizadoras de recursos ambientais ou potencialmente poluidoras seja executado é necessária uma licença ambiental. Licença Ambiental é um ato administrativo emitido pelo órgão ambiental competente. Este ato tem a função de estabelecer as condições, restrições e medidas de controle ambiental que devem ser obedecidas pelo executor do projeto (Fogliatti, 2004).

 
SERRA DO MAR, PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS, TRANSPOSIÇÕES VIÁRIAS E IMPACTOS AMBIENTAIS

A Serra do Mar sempre foi uma grande barreira ao transporte e à colononização do interior da região sudeste do Brasil. Até 1800, as vias de penetração praticamente não melhoraram em relação às trilhas indígenas da época do descobrimento do Brasil (Santos, 2004).

 
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Denomina-se Serra do Mar a escarpa montanhosa da borda oriental do planalto Atlântico, que se estende do Estado do Rio de Janeiro ao Estado de Santa Catarina. Possui desníveis médios de 1.000 quilômetros (Santos, 2004).

O clima da Serra do Mar é tropical, quente e úmido com temperatura média de 19 graus Celsius. Os índices pluviométricos nas cotas mais altas da Serra registram medias anuais de 4.000 milímetros e no sopé da escarpa médias anuais em torno de 2.500 milímetros. A precipitação principalmente nos meses de janeiro, fevereiro e março onde 70% da chuva de todo o ano cai (Santos, 2004).

 

A vegetação é denominada Floresta Atlântica de Encostas e tem como principais características:

  1. a)Grande diversidade florística.
  2. b)Árvores com no máximo 25 a 30 metros.
  3. c)Raízes superficiais e subsuperficiais intensas e densas.
  4. d)Floresta densa com ambiente interno úmido e abafado.
  5. e)Diversas espécies nativas.
  6. f)Solo recoberto com manto de restos vegetais (Santos, 2004).

A floresta Atlântica de Encostas é uma das mais antigas formações florestais brasileiras e teve sua formação datada de 65 milhões de anos. Desde então, a floresta sofreu intensas alterações em virtude das variações climáticas (Santos, 2004).

 
ORIGEM DOS CONHECIMENTOS

Há muitos anos, os cientistas têm estudado a evolução das encostas da Serra do Mar. Em virtude disso, a compreensão da dinâmica externa da Serra do Mar está bastante avançada (Santos, 2004).

Os geomorfólogos foram os primeiros cientistas. Estudaram a evolução da morfologia das encostas da Serra do Mar. Ao analisarem as movimentações de terra naturais, descobriram que a floresta intacta protege a serra de escorregamentos, mas não garante a inexistência deles. Isso se deve as suas características únicas e às variações climáticas.

(Santos, 2004).

 

Graças à contribuição dos geomorfólogos, a geologia da engenharia avançou e as transposições viárias da serra foram cada vez mais bem sucedidas (Santos, 2004).

 
ESCORREGAMENTOS

Movimentações de massa ou escorregamentos são comuns nas encostas da Serra do Mar em virtude de sua pluviosidade e das características geológicas da região. Estes escorregamentos podem ser naturais ou decorrentes da ação do homem através de desmatamentos e cortes nas encostas (Santos, 2004).

 

Os escorregamentos podem ser:

    1. a)Rastejos ou solifluxão: movimentos de grande lentidão e interminência.
    2. b)Escorregamentos translacionais rasos: desmontes hidráulicos de solos superficiais que ocorrem em inclinações acima de 30º.
    3. c)Corridas de lama: violenta torrente fluida de massa de solo e rocha ao longo das depressões mais profundas dos vales.
    4. d)Desprendimentos em rocha: quedas de blocos e lascas de superfícies rochosas naturais expostas (Santos, 2004).

 

Já os escorregamentos induzidos pela ação humana são:

    1. a)Desprendimentos em rocha e escorregamentos translacionais, conforme explicados acima, tendo como principal diferença o elemento causador que neste caso é a ação humana.
    2. b)Escorregamentos rotacionais profundos, grandes escorregamentos de solo, causados por escavações de pé de talude, sobrepeso, alterações de drenagem ou desmatamentos.
    3. c)Movimentação de material acumulado nos pés da encosta quando cortados ou sobrecarregados por intervenção humana.
    4. d)Colapso em saprolito fraturado, desmoronamento de rocha alterada fraturada; ocorre pela combinação desfavorável de orientações espaciais na estrutura da rocha, e inclinação do plano de corte e direção da estrada (Santos, 2004).

 

É importante ressaltar que os escorregamentos, tanto os naturais quanto os induzidos, têm como agente potencializador as chuvas torrenciais comuns da região (Santos, 2004).

 
TRANSPOSIÇÕES VIÁRIAS

Os índios nativos brasileiros habitavam o planalto e desciam a Serra somente nos meses frios para fugir das baixas temperaturas. Utilizavam trilhas muito simples e aproveitavam a Serra como defesa natural de suas aldeias (Santos, 2004).

Com o descobrimento do Brasil e sua colonização, a necessidade de trânsito entre a Baixada Santista e o planalto foi crescendo progressivamente. Inicialmente havia a necessidade de transportar equipamentos de defesa para as vilas do planalto e de municiamento para as expedições que penetravam o interior. Depois, as transposições foram necessárias para escoar as produções agrícolas de açúcar, café e outros produtos. Além é claro da interiorização dos insumos alimentícios e manufaturados para as cidades em desenvolvimento no planalto e do transporte de pessoas (Santos, 2004).

 

FUTURAS TRANSPOSIÇÕES VIÁRIAS

Se por um lado, um sistema de transporte eficiente é fator determinante para o desenvolvimento econômico e social; por outro lado, o desenvolvimento econômico sempre foi fator motivador de transposições viárias dos mais diversos modais na Serra do Mar; tornando assim um ciclo no qual crescimento econômico e social gera a necessidade de um sistema de transporte adequado, o qual motiva a transposição viária que, por sua vez, provoca o desenvolvimento econômico; contudo, essas transposições devem respeitar o patrimônio natural físico e biológico da região (Fogliatti, 2004; Santos, 2004).

 

Atualmente, estão sendo propostas transposições viárias e ainda resta ser executado o Ramal Mongaguá do Sistema Anchieta/Imigrantes. Ao longo da Serra, várias transposições já se mostram e se mostrarão necessárias para viabilizar o crescimento econômico e diminuir os gargalos logísticos, e o conhecimento adquirido da dinâmica das encostas se faz necessário para orientar os futuros projetos (Santos, 2004).

 

 

 

TRANSPORTES E MEIO AMBIENTE

Com o objetivo de facilitar a distribuição de o excedente alimentar, surgiu na sociedade pré-industrial o transporte. No início, o transporte era composto apenas de pequenas movimentações, mas com a revolução industrial e o surgimento da máquina a vapor, os meios de transporte passaram a realizar movimentações maiores (Fogliatti, 2004).

 

O aumento da população em torno das cidades e da movimentação de mercadorias, aliados à falta de planejamento, geraram os primeiros problemas tais como os congestionamentos do tráfico, principais agentes do processo de poluição ambiental, relacionados ao transporte na época (Fogliatti, 2004).

 

Os sistemas de transportes são essenciais para a sociedade moderna. A integração e eficiência dos modais de transporte são fatores fundamentais para o crescimento econômico, contudo também trazem impactos negativos ao meio ambiente (Fogliatti, 2004).

 

Os impactos ambientais causados pelos meios de transporte utilizados devem ser analisados e os projetos devem ser planejados para equilibrar os benefícios econômicos com os impactos ambientais oriundos (Fogliatti, 2004).

 

MODAL AÉREO

Teleférico é um tipo de transporte aéreo de pessoas ou materiais por meio de cabos. É um veículo que se desloca por meio desses cabos.

A composição do teleférico consiste em torres, as quais são estruturas intermediárias responsáveis por dar suporte aos cabos; estes são em sua maioria de aço e sobre os quais são deslocados os veículos. Veículos são cabines, telecestas ou cadeiras nas quais ficam acomodadas as pessoas ou materiais transportados. Os teleféricos modernos são movidos à energia elétrica. Normalmente, são utilizados dois terminais: um em cada extremidade do teleférico; são usados para embarque e desembarque e para acionamento do movimento dos cabos.

 

Os teleféricos podem ser monocabo, ou seja, apresentam somente um cabo o qual suporta o peso das cabinas ou bicabo, quando a função portadora e a motora são separadas em cargos distintos.

 

Conforme o projeto, a carga e descarga do teleférico seriam rotativas, para os terminais, em suas extremidades, não ficarem sobrecarregados. O teleférico teria 10km de extensão e teria suas torres a cada 100 metros. Poderia operar com 200 contêineres de uma vez, sendo 100 subindo e 100 descendo.

A velocidade seria de aproximadamente 15km/h, tornando assim o tempo de engate e desengate semelhante ao tempo da descida de caminhões na Serra do Mar. A inclinação do trecho seria de 10º, o que não seria problema, pois os teleféricos trabalham com inclinação de até 45º.

 

IMPACTO AMBIENTAL DO TELEFÉRICO

Em virtude do solo anteriormente intervencionado e aproveitando as estruturas da antiga Estrada Ferroviária Santos Jundiaí, os impactos negativos na implantação do teleférico seriam muito pequenos, visto que se pretende com ele recuperar uma área já degradada.

 

Para a implantação do teleférico, seria necessário um reflorestamento em alguns pontos da região, pois como foi informado anteriormente é a floresta que protege o solo contra as erosões (Santos, 2004).

 

As torres do teleférico teriam uma altura média de 40 metros, transportando assim os contêineres acima da copa das árvores nativas, que variam entre 25 a 30 metros (Santos, 2004).

 

Na construção dos dois terminais, um instalado na Vila de Paranapiacaba e outro na estrada Plínio de Queiros, em Cubatão, haverá também um impacto ambiental, minimizado em virtude da utilização da região para outros fins.

 

Os impactos na utilização do teleférico no corpo florestal seriam diluídos devido à altura das torres e pouca intervenção na região. O transporte via teleférico utiliza energia elétrica, o que elimina problemas decorrentes da emissão de gases da combustão de motores (Fogliatti, 2004).

O transporte aéreo via teleférico, contudo, está suscetível a acidentes e exige constante manutenção e um plano de contingência e emergência para minimizar impactos causados por acidentes (Fogliatti, 2004).

 

Alguns impactos negativos que podemos citar na construção e utilização de teleféricos são: alteração das condições naturais de infiltração e drenagem nos terminais, danos na vegetação pela passagem de cabos para instalação e posterior desmontagem do teleférico provisório, risco de mortalidade de aves por colisão com os cabos e equipamentos do teleférico, risco de contaminação dos solos, por derrames acidentais, entre outros.


COMPARAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

Os impactos ambientais, causados pelos modais aéreo e rodoviário, são comparados no quadro a seguir:

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Podemos observar que os impactos rodoviários foram calculados de maneira genérica, necessitando de um maior estudo de projetos de transposições viárias que utilizem modal nessa região.

Os impactos ambientais negativos causados pelo sistema rodoviário e aéreo por meio de cabos variam de acordo com o traçado e a execução da construção, tornando assim o planejamento das transposições viárias uma das partes mais importantes para evitar impactos negativos. Os impactos de utilização dos modais são comparativamente menores do que o da construção dos mesmos, por isso, o quadro comparativo acima separa os impactos causados pela construção e exploração das transposições viárias (Fogliatti, 2004).

 
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Comparativamente, o projeto do teleférico polui menos e gasta menos recursos naturais do que novas transposições viárias a serem estudadas na Serra do Mar e visa ainda à recuperação de uma área degradada por transposições viárias anteriores. Assim, demostra uma solução parcial para o problema do grande fluxo de caminhões na Serra do Mar e seus poluente, impactos ambientais e os recursos utilizados.

A sobrecarga nos acessos ao porto de Santos e no complexo Anchieta/Imigrantes foi fator determinante na concepção deste artigo, que busca a otimização do transporte de cargas em contêineres na Serra do Mar.

O projeto de implantação de um teleférico de contêineres é inédito no Brasil e prevê não só a solução de problemas logísticos, mas também a redução de custos de transporte, a recuperação de uma área degradada e a minimização de impactos negativos ao meio ambiente.

O presente artigo não tem a pretensão de esgotar o assunto, muito pelo contrário, se reveste de mais uma iniciativa, entre outras já existentes, de contribuir para o debate de soluções para os problemas logísticos existentes e que existirão, utilizando o ponto de vista ambiental do almejado desenvolvimento sustentável.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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