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O CONSUMO INFANTIL NA VISÃO DAS CRIANÇAS

O CONSUMO INFANTIL NA VISÃO DAS CRIANÇAS

CHILD CONSUPTION IN CHILDREN’S POINT OF FIELD

 

Alexandre Machado

Doutor em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo
Faculdade de São Vicente -UNIBR
Diretor Geral da Faculdade de São Vicente – UNIBR
machado@unibr.edu.br

RESUMO

A publicidade e o consumo infantil vêm sendo estudados há vários anos por especialistas e segmentos da sociedade brasileira e, com isso, são apresentados pontos de vista distintos sobre o papel da criança na sociedade de consumo contemporânea. Os órgãos governamentais, não governamentais, comércio atacadista e varejista, publicitários, psicólogos, psicopedagogos e pais são frequentemente ouvidos e emitem opiniões sobre o certo e o errado para o consumo infantil. Este artigo analisa um fragmento da tese “Publicidade e o Consumo Infantil: uma abordagem crítica”; observa o resultado da pesquisa elaborada com 433 crianças de escolas privadas da cidade de Santos, litoral sul do Estado de São Paulo. A abordagem específica da opinião das crianças sobre mesada, como gastam seu dinheiro, o que gostam de comprar, onde compram, produtos com personagem, com marcas famosas, táticas de persuasão para fazer com que os pais comprem os produtos que elas querem, como influenciam nas compras, como a mídia de massa interfere no seu cotidiano e o que acham das propagandas, foram itens abordados pela pesquisa e, desta forma, apresentada a opinião das crianças.

PALAVRAS-CHAVE: Consumo. Consumo infantil.

 

ABSTRACT

Publicity and child consumption have been studied for several years by specialists and Brazilian society segments and, with this, are presented different points of view about child role in society modern consumption. Government organs, and non-governmental wholesaler, and retail dealer commerce, publicity people, psychologists, psychopedagogist, and parents are frequently listened and give opinions about the right and the wrong to childish consumption. This article analyses a fragment of this thesis. “Publicity and childish consumption” a critical approach, it observes the results of a research done with 433 children from private schools in the city of Santos, South Coast of São Paulo State. This specific approach of children’s opinion, about allowance, how they spend their money, what they like to buy, where they buy, character’s products, famous brands, persuasion strategies to make their parents buy the products they want, how they influence in shopping, how the mass media interfere in their daily life and what they think about advertising, those were the items approached by the research and, in this way, presented children’s opinion.

KEYWORDS: Consumption. Child consumption.

 

INTRODUÇÃO

Conforme Machado (2014, p.40) na tese “Publicidade e o Consumo infantil: uma abordagem crítica”, a importância de constituir uma sociedade para o homem é para que “esse possa pertencer a um grupo organizado e que essa sociedade, formada por grupos organizados, passa a existir e é transformada de acordo com o tempo e o espaço, seguindo normas comuns que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo no corpo social.”

A evolução da sociedade para sociedade de consumo, aprendida e praticada pelo consumidor infantil demonstra, como diz Machado (2012), visões e extensões de pensamentos proeminentes à prática e à realidade atual. Veblen (1983) estabelece padrões e hábitos de vida na tentativa de compreender a dinâmica social, Baudrillard (1995) ampara-se nos princípios da realidade construída para buscar relação entre o papel da realidade virtual e a comunicação de massa. Campbell (2001) endossa o consumo autoilusivo àquele que nunca se concretiza e padroniza a busca insana pela satisfação; é pertinente incluir neste cenário o pensamento de Bauman (1998), o qual articula a vida para o consumo, transformando as pessoas em mercadorias. Em uma visão lúcida sobre a realidade da sociedade de consumo moderna, tal estudioso descreve a mais simples e racional percepção sobre o consumo.

A opinião dos especialistas sobre o consumo infantil se depara com os argumentos individualistas de uma sociedade que não unifica discursos e promove a autodefesa de seus próprios interesses, para gerarem suspeitas sobre a moralidade da propaganda direcionada às crianças. Um exemplo disto é o Projeto de Lei n° 5921/01 do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), que proíbe a propaganda voltada para crianças até 12 anos na televisão, rádio e internet entre 5 e 22 horas, 14 anos tramitando na Câmara dos Deputados e não tendo nem previsão para ser encaminhada ao Senado.

Não é muito difícil entender por que não foi aprovada e quais os reais motivos por trás das falácias moralistas. Uma indústria bilionária com interesses bilionários, os quais envolvem vários setores da economia e simultaneamente vários empregos diretos e indiretos, sustenta uma máquina complexa e estruturada.

A pesquisa aplicada para fundamentar a opinião das crianças na tese “Publicidade e o Consumo infantil” foi desenvolvida no mês de agosto/2014, por meio de questionário com perguntas fechadas para crianças de 6 a 12 anos do 1° a 7° ano do ensino fundamental de escolas privadas da cidade de Santos, litoral sul do Estado de São Paulo.

De acordo com os resultados, as crianças pertencentes à sociedade contemporânea influenciam cada vez mais nas decisões de consumo de uma casa e sua opinião tem reflexos diretos na economia.

 

SOCIEDADE DE CONSUMO INFANTIL

Segundo Bauman (2008), a sociedade de consumidores, em outras palavras, representa o tipo de sociedade a qual promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida e uma estratégia existencial consumista e rejeita todas as opções culturais alternativas. Para essa sociedade, as pessoas passaram a viver em função do consumo, ou seja, participam de um círculo vicioso nessa prática consumista.

Assim como a sociedade americana, maior economia do mundo, 99% do que é consumido hoje é descartado nos próximos seis meses, conforme o documentário The history of stuff (a história das coisas). O mais assustador ou revelador é a frase apontada por Victor Le Bout (2014), assessor econômico do governo americano:
A nossa enorme economia produtiva exige que façamos do consumo a nossa forma de vida, que tornemos a compra e o uso de bens em rituais e procuremos a nossa satisfação espiritual, a satisfação de nosso ego, no consumo precisamos que as coisas sejam consumidas, destruídas, substituídas e descartadas a um ritmo cada vez maior”. São pensamentos como esse e práticas como essas que criam a obsolescência programada, forçando a sociedade a ser consumista.(LE BOUT, 2014 apud LEONARD, Annie, 2014)
Assim como apontado por Machado (2014, p.51) “o consumo desproporcional, desordenado, despreocupado, capitalista e sem sentido para o cumprimento das necessidades básicas representa consumismo.” A definição de consumismo passa a ser, conforme Schweriner (2011):

[…] ato, efeito ou prática de consumir (‘compra em demasia’)… consumo ilimitado de bens duráveis, especialmente artigos supérfluos (a sociedade de consumo caracteriza-se por um consumo delirante)…para a economia – doutrina de que um consumo crescente e ininterrupto é vantajoso para a economia (é difícil conciliar consumismo e ecologia)”[…]”sistema que favorece o consumo exagerado… tendência a comprar exageradamente. (SCHWERINER, 2011, p.11)

A associação entre o documentário The history of stuff, o comentário do economista americano, a definição de consumismo e a obsolescência programada nos remetem à compreensão de que consumir de forma desenfreada passou a ser um mal necessário para o governo, indústrias e pessoas, e aceito por uma grande parcela da sociedade contemporânea.

O comportamento dos adultos relacionados ao hábito de consumir é transmitido e imitado pelas crianças. Segundo Vanti (2004):

o estudo etimológico da palavra infância, a partícula latina in significa não, usada como prefixo, e do latim fans, fantis, particípio presente de fãri, corresponde a falar, ter a faculdade da fala, forma-se o adjetivo latino infans, infantis, aquele que não fala, que tem pouca idade e que ainda é criança. Assim também o adjetivo infantilis, que diz respeito à criança, infantil, e o substantivo infantia incapacidade de falar, dificuldade em se exprimir. (VANTI 2004, p.13),

Sarmento (2006, p.2), complementa que a “criança é o que não fala (in/ans), a que não tem luz (o a-lunó)”, a que não trabalha, a que não tem direitos políticos, a que não é imputável, a que não tem responsabilidade parental ou judicial, a que carece de razão etc.

Para a sociedade contemporânea, essas crianças “sem expressão”, “sem voz” e “sem luz” não condizem mais com a realidade atual e, cada vez mais, proporcionam cenários e resultados significativos para se observar e ouvi-las cada vez mais.

 

IINDICADORES DO SETOR INDUSTRIAL

Alguns segmentos da indústria, cujos produtos e serviços são direcionados para o público infantil, apresentam números significativos e reveladores para compreensão do porquê de o projeto de lei ainda tramitar na Câmara dos Deputados sem previsão de aprovação. De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (ABRINQ), por exemplo, somente a indústria dos brinquedos nacionais participou em 2014 com R$ 2,1 bi do faturamento das indústrias que direcionam produtos às crianças. Somados com a indústria dos importados, o segmento proporcionou R$ 4,4 bi. O setor de vestuário, segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e da Confecção (ABIT), informa que o segmento infantil representa 15% do mercado global de vestuário do país, com faturamento em torno de R$ 9,1 bi, isso em 2012. Somados ao setor de calçados e roupas infantis, esse faturamento vai para R$ 24 bi.

O Brasil é o primeiro mercado do mundo na categoria de produtos de higiene pessoal infantil, conforme a Associação Brasileira de Produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmético (ABIHPEC), com 15,6% de participação no mercado mundial, com faturamento em 2014 na casa dos R$ 42 bi.

Segundo pesquisa elaborada pelo Instituto Datafolha (2014), 15% dos paulistanos frequentam o shopping pelo menos uma vez por semana, isso significa um estímulo ao consumo. A pesquisa revela também que 54% fazem compras e 51% vão passear. Entre os mais ricos, esses números sobem para 66% e 67%, respectivamente. Cerca de 32% vão ao cinema e 22%, comer. As cifras desembolsadas a cada ida ao shopping é um retrato da sociedade consumista, 23% gastam até R$ 50,00; 12% entre R$ 100,00 e R$ 150,00; 13% entre R$ 150,00 e R$ 200,00; 5% entre R$ 200,00 e R$ 250,00 e outros 5% entre R$ 250,00 e R$ 300,00.

Uma das questões na pesquisa realizada com as crianças da cidade de Santos/SP diz respeito à ida ao supermercado e ao shopping com os pais, sobre os pedidos feitos e se os pais concordavam em comprá-los. 96% das crianças pesquisadas responderam gostar de ir ao supermercado com os pais e 100% preferem ir ao shopping. A quantidade dos pedidos diz respeito à compreensão da influência da publicidade, da propaganda e do ponto de vendas no comportamento de consumo das crianças. Dentre os resultados, 60% das crianças pedem alguma coisa quando vão ao supermercado e 70% pedem quando vão ao shopping. Os pais atendem a 57% dos pedidos feitos pelos filhos no supermercado e 67% feitos nos shopping. Curiosamente, observou-se que os pais (homens) atendem mais aos pedidos feitos nos supermercados e as mães, nos shoppings.

 

PESQUISA COM AS CRIANÇAS

A pesquisa foi elaborada em um formato de entrevista exploratória estruturada, contendo 29 questões com perguntas fechadas, de múltiplas respostas e encadeadas, aplicadas para 433 crianças (242 crianças do Colégio Santa Cecília e 191 crianças do Colégio Anglo Santos) de 6 a 12 anos, perfazendo 100% dos estudantes do 1° ao 7° ano das duas escolas particulares da cidade de Santos, litoral sul do Estado de São Paulo, pertencentes à classe socioeconômica A/B, com um nível de confiança da pesquisa de 90%.

O gênero obtido foi de 59% meninas e 41% meninos. As idades foram proporcionais às distribuições de ano com uma concentração maior para as crianças de 9 e 10 anos. De acordo com os resultados, 57% ganham mesada e os valores foram distribuídos em quatro categorias: 1) os que recebem menos de R$ 20,00 mês, representado por 35% dos alunos; 2) os que recebem entre R$ 20,00  e R$ 50,00 com 27%; 3) os que recebem entre R$ 50,00 e R$ 100,00 com 23% e 4) os que recebem mais de R$ 100,00 por mês com 15% da amostragem.

A forma como gastam suas mesadas apontou para o consumo de brinquedos, 27%; lanche, 20%; jogos eletrônicos, 13%; outros, 7%; é relevante destacar que 33% guardavam suas mesadas e que as meninas são as mais econômicas (84%), principalmente na faixa etária dos 8 aos 10 anos. Os meninos, por sua vez, são os que mais gastam em jogos eletrônicos e brinquedos e a faixa etária predominante é de 10 a 12 anos.

Questionados sobre a preferência de consumir produtos com ou sem personagem, 69% indicaram preferir com personagem. A relação de preferência com a faixa etária comprovou que quanto mais idade as crianças têm, menos importância e preferência dão aos personagens. A correlação foi: crianças de 6 e 7 anos (55%); crianças de 8 e 9 anos (20%); crianças de 10 anos (15%); crianças de 11 e 12 (5%, respectivamente).

Quando indagadas acerca da qualidade dos produtos com personagens sobre os demais, apenas 5% responderam que sim, contra 28%, não; 28% disseram talvez e 39% não souberam responder. Para as crianças entre 6 a 8 anos, os produtos com personagem representam um sinônimo de qualidade e, com isso, enaltecem o produto. Já as crianças de 9 a 12 anos têm, em sua maioria (75%), uma percepção negativa sobre a qualidade dos produtos com personagem em relação àqueles que não contenham personagem. As meninas são as que mais identificam a relação positiva entre o produto com personagem e os sem personagem (59%).

As táticas de persuasão adotadas pelas crianças para convencer os pais a comprarem os produtos solicitados fizeram parte de um questionamento, onde: 19% das crianças apenas pedem para comprar; 6% choram e imploram; 5% gritam, ficam irados e fazem malcriação; 18% negociam (se comprar para mim…); 8% usam exemplos de amigos (as) que já têm o produto; 13% insistem até conseguir e 31% são conformados (se não der, tudo bem…).

De acordo com o local onde as crianças veem mais propaganda sobre os produtos que gostam de comprar, 23% identificaram a TV como fonte propagadora de estímulo, o shopping representou 19%, a internet 17%, amigos 13%, as demais porcentagens ficaram divididas entre celular, revista, outdoor, jornais, rádios e outros. A mídia de massa, as redes sociais e o shopping são as referências das crianças contemporâneas para buscar informações sobre seus produtos preferidos.

O tempo de exposição nas mídias de massa e redes sociais, o que mais veem e a opinião das crianças sobre a veracidade dos comerciais forram itens explorados pela pesquisa. A distribuição do tempo de exposição das crianças frente à TV e internet foram: menos de 1 hora por dia: TV 13% e Internet 24%; de 1hora a 2 horas por dia: TV 26% e Internet 24%; de 2 a 3 horas por dia: TV 19% e internet 9%; de 3 a 4 horas por dia: TV 13% e internet 4%; mais de 4 horas por dia: TV 20% e internet 26%; 9% não assistem à televisão e 13% não acessão internet. Com relação aos que veem, 19% são desenhos; 32% filmes; 7% novelas; 21% esportes; 13% seriados e 8% outros. Já sobre os comerciais dizerem a verdade: 5% disseram sim; 28% às vezes; 17% não e 50% não souberam dizer. As redes sociais (facebook, twiter e instagram) obtiveram 26% das preferências das crianças ao navegarem pela internet, 22% foram para os sites de pesquisa, 30% youtube, foram os locais preferidos da maioria das crianças.

A influência que as crianças exercem no poder de decisão de compra das famílias foi apontada da seguinte forma: 28% disseram que influencia diretamente; 57% às vezes e apenas 15% disseram não influenciar. Com exceção das crianças que disseram não influenciar na decisão de compra da família, pressupõe que 85% influenciam direta e indiretamente na decisão de compra de produto para a família. Segundo pesquisa do Instituto Alana sobre o consumismo infantil de 2012, 83% dos produtos escolhidos por uma família são escolhidos pelas crianças; 72% estão associados a personagens famosos; 42% são influências dos amigos; 38% são de produtos que oferecem brindes e jogos e 35%, produtos com embalagens coloridas e atrativas.

A questão “marca” foi explorada no sentido de obter a opinião das crianças sobre a importância e a necessidade como fator social. O gostar de usar produtos de “marca” foi identificado por 39% das crianças, 11% indicaram que não e 50% mostram indiferença. Ao questionar se as crianças acham os produtos de “marca” mais importantes que os demais, 30% disseram que sim, 13 disseram não e 57% disseram tanto faz. A influência dos amigos sobre eles para obtenção de produtos novos revelou que apenas 4% acham importante ter o que o amigo(a) tem de novo, contra 41% que identificaram não ser importante e 55% que indicaram nem sempre. De acordo com tais resultados, a criança contemporânea não é influenciada pela aparência e necessidade de ter um produto que seu amigo(a) tenha.

A questão sobre o sentimento da criança quando os pais não atendem ao apelo de compra foi: 41% se sentem normal; 31% chateados; 26% não ligam e 2% inferiores. A maioria das crianças relatou um sentimento de conformismo em relação ao não atendimento dos pais quando pedem algum tipo de produto. Esse traço foi identificado em ambos os gêneros com idade mais alta, ou seja, de 11 a 12 anos. Em contrapartida, 31% se sentem chateados em relação a não ser atendido em seu pedido de compra. Esse sentimento foi identificado mais frequentemente entre as meninas de 6 a 10 anos.

A última questão da pesquisa abordava a influência exercida pela propaganda quanto ao estímulo às compras; foi perguntado se a criança já comprara ou pedira para comprar algum produto que tenha visto em propaganda: 28% disseram que sim; 4%, sempre; 50%, às vezes e 18% disseram que não. É possível afirmar que 82% das crianças declinaram a confirmar que a propaganda influenciou no compra e/ou no pedido de compra aos pais. Desse percentual, os que indicaram sempre, a predominância é das crianças jovens, de 6 a 7 anos de ambos os gêneros. Dos que disseram sim, ficam na idade intermediária entre 8 e 9 anos de ambos os gêneros e os que disseram às vezes, a maioria são crianças de 10 a 12 anos, também de ambos os gêneros.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A participação dos pais no processo de estímulo à compra não planejada das crianças foi retratada, inicialmente, por meio das práticas que os mesmos exercem em levar seus filhos ao ponto de venda. A família inserida na sociedade contemporânea leva seus filhos aos pontos de vendas por razões diversas, entre elas pela agilidade, economia de tempo, companhia e por não terem com quem deixar seus filhos. Houve dois questionamentos específicos às crianças em relação a acompanharem seus pais ao ponto de venda, um em supermercado, outro em shopping Center. Tais questionamentos buscavam saber se as crianças gostam de acompanhá-los, quando acompanham como se comportam e quais as consequências desse acompanhamento. Comparativamente, o shopping levou vantagem em relação ao supermercado por proporcionar mais prazer e diversidade nas opções às crianças, que ia de entretenimento à visita às diversas lojas (supermercado, 93% versus shopping, 100%).

As crianças não só pedem para comprar mais produtos como são atendidas pelos pais quando vão aos dois pontos de vendas, enquanto o supermercado representou um pedido por parte das crianças em torno de 60%, o shopping representou 70%.

A pesquisa comprovou que as mídias de massa e o ponto de venda são as maiores fontes transmissoras de informações para as crianças conhecerem os produtos de que mais gostam, representados, na proporcionalidade, por: televisão (23%), shopping (19%), internet (17%) e amigos (13%).

 

O cenário vivido pela sociedade contemporânea conduz não só a criança, mas a todos que vivenciam o seu dia a dia, à necessidade de interagir com as novas tecnologias e o acesso quase ilimitado às fontes de informações que é inevitável e irreversível, negá-la não promove sentido. A criança, relacionada nesse estudo, demonstrou compreender o efeito da mensagem direcionada a ela e a consequência que esta traz à sua economia e a de sua família.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DOCUMENTOS ELETRÔNICOS

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ALANA. Instituto Alana. São Paulo, 2012.

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Acesso em: 10 jul 2014.

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<http://economia.ig.com.br/empresas/industria/2014-03-31/industria-de-brinquedos-nacional-avanca-sobre-produtos-chineses.html>.

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Disponível em: <http://www.procon.sp.gov.br/categoria.asp?id=292>.

Acesso em: 26 out 2014.

COSMETICOSBR . ABIHPEC projeta aumento de vendas de R$ 42,6 bi em 2014 e qualifica 21 empresas fornecedoras com selo. Nacional. São Paulo, 21 jul 2014.

Disponível em:

<http://www.cosmeticosbr.com.br/conteudo/noticias/noticia.asp?id=3615>. Acesso em: 22 jul 2014.

_____________.PRODUTOS INFANTIS NO BRASIL. O primeiro no mundo e com muito a crescer. São Paulo, 9 abr 2012.

Disponível em:

<http://www.cosmeticosbr.com.br/conteudo/materias/materia.asp?id=3003>. Acesso em: 22 jul 2014.

LEONARD, Annie. A História das Coisas – (The Story of Stuff).

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=741IjTeLJz0>.

Acesso em: 28 outubro 2014.

PALMA, Waneide de Souza; CARNEIRO, Terese Cristina Janes. Comportamento do consumidor: o nascimento do consumidor infantil. Vitória-ES: FUCAPE Business School, 2001.

Disponível em:

<http://www.fucape.br/premio_excelencia_academica/upld/trab/11/34.pdf>. Acesso em: 20 fevereiro 2014.

SHOPPING – 15% dos paulistanos vão ao shopping pelo menos uma vez por semana. São Paulo, 30 set 2013.

Disponível em:

http://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica/2013/09/1349535-15-dos-paulistanos-vao-a-shoppings-pelo-menos-uma-vez-por-semana.shtml>.

Acesso em: 20 jul 2014.

TENDÊNCIAS do Consumo Infantil. São Paulo, 14 jul 2012.

Disponível em: < http://fatiasdobolo.blogspot.com.br/2012/07/5-tendencias-do-consumo-infantil-o.html>.

Acesso em: 28 set 2014.
APÊNDICE 1
Esta pesquisa tem por objetivo responder à seguinte pergunta:

Publicidade e Consumo Infantil: influência da publicidade na compra não planejada da criança.

É uma pesquisa para fins acadêmicos e os questionários não precisam ser identificados.

1)    Por gênero:
(   ) Menino      (   ) Menina

2)    Por idade:
(   ) 6 anos     (   ) 7 anos     (   ) 8 anos     (   ) 9 anos

(   ) 10 anos   (   ) 11 anos   (   ) 12 anos

3)    Você ganha mesada?
(   ) Sim             (   ) Não

4)    Quanto ganha?
(   ) menos de R$ 20,00 por mês                    (   ) entre R$ 20,00 e R$ 50,00 por mês

(   ) entre R$ 50,00 e R$ 100,00 por mês      (   ) mais de R$ 100,00 por mês

5)    Gasta sua mesada com o quê?
(   ) jogos eletrônicos       (   ) brinquedos       (   ) roupas         (   ) lanche

(   ) guarda o dinheiro

6)    Você costuma ir ao supermercado com seus pais?
(   ) Sim (   ) Não
você gosta?
(   ) sim         (   ) não
você pede muita coisa quando vai junto?
(   ) sim         (   ) não
e eles compram?
(   ) sim          (   ) não

7)    Você prefere produtos com ou sem personagens?
(   ) com personagens          (    ) sem personagem              (   ) tanto faz

8)    Os produtos com personagens são melhores do que os outros?
(   ) sim          (   ) não        (   ) talvez       (   ) não sei

9)    Você prefere produtos que tenham brindes?

(   ) sim          (   ) as vezes         (   ) não       (   ) tanto faz

10) Você costuma ir ao shopping com seus pais?
( ) sim ( ) não
você gosta?
(   ) sim         (   ) não
você pede muita coisa quando vai junto?
(   ) sim         (   ) não
e eles compram?
(   ) sim          (   ) não

11) Se você está no shopping e vê uma coisa que você quer muito, como faz para convencer seu pai ou sua mãe a comprar?
(   ) pede

(   ) chora e implora

(   ) grita, fica com raiva, faz malcriação

(   ) negocia (se você comprar para mim…)

(   ) cita exemplos de amigos(as) que já têm o produto

(   ) insiste até conseguir

(   ) se não der tudo bem…

12) Onde você vê propaganda dos produtos que gosta de comprar?
(   ) TV              (   ) Shopping        (   ) Internet         (   ) Amigos     (   ) celulares

(   ) Revistas     (   ) Outdoors        (   ) Jornais          (   ) rádios        (   ) outros

13) Quanto tempo de TV você assiste por dia?
(   ) menos de 1 hora             (   ) de 1 a 2 horas           (   ) de 2 a 3 horas

(   ) de 3 a 4 horas                  (   ) mais de 4 horas        (   ) não assiste

14) O que mais gosta de assistir?
(   ) desenhos            (   ) filmes         (   ) comerciais          (   ) seriados

(   ) novelas               (   ) esporte       (   ) outros

15) Comerciais de TV dizem a verdade sobre os produtos.
(   ) sim        (   ) as vezes      (   ) não          (   ) não sei dizer

16) Como você se sente quando está assistindo/lendo à(s) sua(s) propaganda(s) favorita(s)?
(   ) muito satisfeito

(   ) como se fosse dono do produto

(   ) empolgado

(   ) tento me lembrar da música ou do diálogo da propaganda

(   ) não sinto nada.

17) Quanto tempo você navega na internet por dia?
(   ) menos de 1 hora           (   ) de 1 a 2 horas       (   ) de 2 a 3 horas
(   ) de 3 a 4 horas                (   ) mais de 4 horas    (   ) não navega

18) Onde você navega?
(   ) redes sociais (ex: facebook/twitter/Instagram)

(   ) sites de pesquisa (ex: Google/Wikipédia)

(   ) youtube

(   ) blog´s

(   ) vagalume

(   ) outros

19) Seus pais controlam o tempo que você…
(   ) assiste à tv         (   ) navega na internet     (   ) não controlam

20) Quais lojas você visitou recentemente, mesmo que não tenha comprado nada…
(   ) lojas de roupas

(   ) livrarias

(   ) lojas de brinquedos

(   ) restaurantes ou fast foods

(   ) supermercados

(   ) lojas de esportes

(   ) lojas de computadores

(   ) centro de jogos eletrônicos

(   ) lojas de música e vídeo

(   ) lan houses

21) Se você tivesse dinheiro qual(is) dos produtos abaixo compraria?
(   ) roupas e sapatos                                (   ) telefone celular

(   ) computador                                        (   ) TV de LCD / LED

(   ) carro                                                   (   ) videogames

(   ) comida                                               (   ) jogos eletrônicos

(   ) filmes                                                 (   ) bicicleta

(   ) livros                                                  (   ) brinquedos

(   ) revista                                                 (   ) outros

22) Você toma decisões de compra em itens para a família toda.
(   ) sim        (   ) as vezes      (   ) não

23) Quais dos itens abaixo são mais importantes quando você vai comprar um produto?
(   ) o preço

(   ) a marca

(   ) a loja

(   ) o(a) vendedor(a)

(   ) a indicação de amigo(a)

(   ) já conhecer o produto

24) Você costuma escolher as coisas que quer comprar…
(   ) porque acha bonito

(   ) por indicação dos pais

(   ) porque é mais barato

(   ) porque viu na TV

(   ) por indicação dos amigos

(   ) porque é mais caro

25) Você gosta de usar produtos de marca?
(   ) sim        (   ) tanto faz      (   ) não

26) Você pensa que produto de marca é importante?
(   ) sim        (   ) tanto faz      (   ) não

27) Se seu amigo(a) tem um produto novo, você acha importante ter também?
(   ) sim       (    ) nem sempre      (   ) não

28) Quando seus pais não podem comprar esse produto, como se sente?
(   ) normal                 (   ) chateado        (   ) não liga             (   ) inferior

29)Você já comprou ou pediu para comprar algum produto que tenha visto em propaganda?
(   ) sim            (   ) sempre       (   ) as vezes        (   ) não

 

 

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